9/20/2007

NOTÍVAGOS (OU NOITES VAGAS)



Dedicado a Pedro

Tem se tornado freqüente ultimamente idas e idas ao aeroporto para buscar amigos de longa data que por variados motivos, alegres ou tristes, resolveram voltar à Recife. O clima cosmopolita do aeroporto, a ansiedade de esperar seu amigo, a alegria de revê-lo e perceber como as coisas mudaram e quase sempre pra bem fazem valer o deslocamento ao aeroporto que definitivamente não é nada perto. É adorável ver que o tempo, a distância e as experiências de vida modificam os nossos amigos, fazendo-os adoráveis, e ainda queridos.

Mas tão importante quanto saber sobre chegadas, é estar pronto para as despedidas. E agora não falo de despedida de amigos que fizeram parte de sua vida numa época agora distante e que porventura se reencontraram. E sim de recentes afetos que embarcam para uma nova e deliciosa jornada.

Tudo era apenas uma brincadeira e foi crescendo, crescendo, me absorvendo. E de repente. quando nos vimos “ a gente somo o trio mais foda”. E participamos um da vida do outro tão ativamente, que já não havia mais dúvidas: somos amigos desde a maternidade. E aquele menino que ria engraçado, que perdia o amigo mas não a piada, que era um misto de tantas coisas que ficam impossíveis descrever... bem, aquele menino é seu novo irmão, que também pode ser seu pai, seu avô e seu filho.

Você então pensa quão interessante é o fato de que neste mundo todo as pessoas mais interessantes da sua vida conseguem aparecer justamente na sua vida.

E fomos brincando de preencher as noites. Festa. Drinks Jantar. Cinema. Café. Cigarro. Crepe. Debate. Despedida antecipada. Motel. Almoço. Pagode-domingão-a-noite. Conversa-de-madrugada-no-carro-em-frente-ao-prédio-dela. Et cétera e tal. E entre uma coisa e outra, fomos aprendendo a nos amar naquele conceito de que amar é tentar ser uma pessoa melhor para tentar conquistar o outro, e acabamos conquistando o mundo.

Então eu não posso dizer “ele vai embora, e tudo vai continuar bem”. Pois é preciso sobreviver sem esse universo criado por noites a fio de trabalho duro. Ficará tudo bem, mas com aquele gostinho de quero mais que serve para o tempero de esperar a volta dele. E a gente se enche de orgulho em ver o menino partir para um novo velho mundo, esperando que ele volte para nos contar todas as suas experiências e extrair um pouco do conhecimento que ele absorveu por lá. E que ele volte ainda mais legal (como se isso fosse possível), mais bonito, mais rico, mais famoso, mais realizado, e muitos “mais” em todos os sentidos do que é ser humano.

Adeus também foi feito pra se dizer...

Um comentário:

Mila disse...

Uma característica da minha vida sempre foram as despedidas.
Minha família se mudou muito, desde sempre e, por isso, eu nunca pude ter "amigos de infância". Sempre que eu me apegava, ia embora pra algum canto. Depois de um tempo, um pouco mais madura, pude aprender a cultivar as amizades mesmo de longe e, assim, mantê-las.
Hoje tenho amigos que moram longe, muito longe, mas são mais amigos do que muitos que estão perto, bem perto.

=)
Tempo que eu não vinha aqui.

Bjs