2/18/2007

TODO MUNDO TEM UMA FANTASIA DE CARNAVAL. QUAL É A SUA ?



SOBRE A NOITE EM QUE VIREI VAMPIRO
Meu nome. Talvez isso seja a única coisa que ainda não mudou do dia 12 até agora. Quer dizer... outras coisas também não irão mudar: meu corte de cabelo, minha aparência. Isto é fato. Só espero que isso não venha cansar a minha eternidade. E foi justamente por ela que me fez desejar todas essas mudanças. Falo das mudanças necessárias para se tornar um vampiro, se é que você me entende. Fui motivado a isso pelo mesmo motivo que me levou a fazer este texto. O de colecionar histórias. Ter uma eternidade pela frente, é ter mais histórias para colecionar e isto é realmente excitante.

Agora é aquela fase da adaptação. Além daqueles sentidos que são proporcionados à raça humana, posso detectar agora mesmo, pelo menos, mais dois: um eu apelidei de “leitura ótica”, mas não tem nada a ver com aquelas da compras de supermercado, e sim com o fato de ao olhar nos olhos de alguém pode ler o que a outra pessoa está pensando. Ainda não me adaptei completamente a ela, às respondo à determinados pensamentos e algumas pessoas julgam injustamente que estou falando sozinho. A outra habilidade é poder de voltar ao passado. Esse eu já aprendi a controlar. É do tipo de poder que não se pode usar contra ou a favor de ninguém. Posso até fazer isso aqui na sua frente e você nem desconfiará. Devo lembrar que os outros cinco sentidos estão mais aguçados do que na minha experiência humana?

Holywood mente porque mentiras vendem. Crucifixos, águas bentas, alhos e bugalhos são pura lenda. A luz do sol é algo realmente a ser evitado. Ainda não tive coragem suficiente pra encarar o sangue humano. Mas as palpitações de um coração é algo que chega a me deixar desnorteado. Ser retratado erroneamente pela mídia não me enfurece, pelo contrário, me diverte. Morro de rir com as tolices dos humanos ao se deparar com alguém de nossa raça.

Não me lembro com muitos detalhes como se passou o ritual de iniciação. O que lembro é idêntico a maioria das descrições literárias. Fui mordido no pescoço. No meu caso, por própria. Como já havia dito, eu optei por isso. Foi um pouco apavorante no início. Mas depois que comecei a sentir os caninos dentro das minhas veias e o meu sangue sendo sugado. Lembro que não foi só meu sangue sendo sugado. Havia uma relação de permuta. Algo quente também estava sendo injetado ali. E era bom. É difícil lembrar o que aconteceu depois. Só sei que acordei num caixão depois de dormir 54 horas. Mordidas no pescoço e caixão. Hum. Certos clichês são necessários.

Ainda não há muitas vantagens nesta nova existência, mas tenho me divertido. Acredito que quando passar o tempo suficiente da minha existência humana, o que deve ocorrer em meados de 2050 (se o efeito estufa não pegar pesado até lá) ficará tudo ainda melhor. Passado esta época, poderei ter certeza realmente de que minha morte não me quis.

Coisas que se devem saber sobre nós. Primeiro, não queremos o seu dinheiro, e sim o seu sangue. Segundo, qualquer gentileza de nossa parte nunca é de forma gratuita. Isso tantos humanos tolinhos ignoram. Terceiro, realmente não precisamos conversar se isso não for extremamente interessante. Não é porque tenho a eternidade toda que estarei disposto à gastá-la com vocês.

Aguardem os próximos registros.

[Reflexão: Não, eu não dou entrevistas]